quarta-feira, 11 de abril de 2012

Another brick in The Wall por um dia

Compartilhar Um álbum impecável e um filme excelente. Foi com essa opinião sobre a obra The Wall que fui ao Morumbi no dia 1 de abril para acompanhar aquela que talvez fosse a única representação do trabalho de Roger Waters que eu ainda não tinha visto: o show. Ainda que minha opinião como grande fã de Pink Floyd e do álbum possa ser tendenciosa para comentar sobre o show, ao mesmo tempo eu tinha uma grande expectativa justamente pelo fato de sempre ter gostado tanto do disco e do filme.

A entrada no Morumbi e a organização em geral mostram porque é possível fazer grandes shows em estádios quando se trabalha para isso. Ou teria outro motivo para explicar como um mesmo espaço, para as mesmas 70 mil pessoas, pode receber um evento muito bem organizado e outro desastroso? "Felizmente" os únicos problemas que notei são aqueles que envolvem a cultura do país, muito mais que o show em si. Preços abusivos, cambistas trabalhando livremente, taxistas cobrando preços fechados, flanelinhas exigindo pagamento para estacionar na rua... mas vamos ao show.

Escolhi não ler críticas, ver fotos ou vídeos sobre o show antes de presenciar. Meu medo era não ser surpreendido em nenhum momento. Mesmo com os cuidados tomados, cheguei a pensar que não teria grandes surpresas pelo fato de conhecer a ordem das músicas, saber que havia um muro que seria montado e derrubado e que apenas um dos membros do Pink Floyd estaria ali. Um feliz engano.

Bastam os primeiros fogos, os primeiros gritos, os primeiros acordes de In the Flesh? pra eu ter certeza de que aquela noite reservaria momentos únicos e inesquecíveis. A emoção desse momento faz com que o avião que desceu do alto do Morumbi e bateu contra o muro se tornasse apenas um detalhe no espetáculo de Waters (vídeo abaixo).


Uma a uma as vítimas da violência nas mais diversas formas vão virando um tijolo no muro de mais de cem metros de comprimento que aos poucos é montado no palco. Um deles, Jean Charles, foi citado e recebeu até uma homenagem em uma pequena canção. Com as crianças do coral de uma comunidade carente, o público faz um coro em Another Brick in The Wall pt 2. Esse talvez tenha sido também um dos momentos em que houve uma manifestação mais "animada" da plateia que, em boa parte do tempo, parecia ter incorporado no comportamento durante o show o caráter teatral da apresentação.

A primeira parte termina com Waters dando adeus ao mundo cruel e colocando o último tijolo no muro. Após um intervalo de 20 minutos, a segunda parte começa e valem os destaques para Nobody Home, executada em um quarto que sai de uma plataforma guardada dentro do muro, e Vera, com imagens emocionantes do reencontro de filhos com os pais retornando da guerra.

A épica Bring The Boys Back Home é a introdução perfeita para Comfortably Numb, provavelmente uma das canções mais aguardadas pela maioria dos presentes (vídeo abaixo). Vale ressaltar a qualidade dos músicos da banda que deixam pouco espaço para os fãs que não toleram a briga entre Waters e Gilmour.



Antes de o muro cair, toda a banda e os instrumentos são colocados em frente ao paredão para que mais algumas músicas sejam tocadas enquanto o telão exibe as animações que ficaram conhecidas no filme. Depois, tudo é retirado para que o muro possa ser derrubado de forma segura (veja abaixo).



Os músicos retornam então para a despedida em formato acústico e descontraído. É a vitória do modelo Pink Floyd contra todos os sistemas criticados na obra.

Roger Waters está longe de ser uma pessoa carismática, a melhor voz do rock ou o grande baixista de todos os tempos. Mesmo assim, teve seu momento de genialidade e com um álbum, filme e show manifesta sua crítica a alguns dos modos de viver da sociedade. Uma forma tão criativa de expor seu ponto de vista que nos obriga a, no mínimo, respeitar os argumentos e admirar a obra. Aos fãs do Pink Floyd fica o gosto de um dia ter sido mais um tijolo no muro da história do Pink Floyd.

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